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Simbolicamente, a cruz pode ser vista como tendo na haste horizontal a representação das atividades materiais e na haste vertical a busca para o plano maior.
Ao lembrarmos da cruz, vem-nos a imagem de todo o martírio a que se submeteu Jesus por ensinar-nos o verdadeiro caminho para a ascensão.
Mas também podemos associá-la às dificuldades que afligem cada um de nós, já que todos ainda nos encontramos tão ligados aos aspectos materiais da vida.
Imagem ilustrativa, que associa a pessoa às suas dificuldades, está naquele que, sentindo sua cruz muito pesada, corta um pedaço dela e quando, diante de obstáculo a ser ultrapassado, percebe a falta que faz a parte retirada.
Ainda não nos demos conta de que nada acontece simplesmente, embora cada um tenha condições para aumentar - ou diminuir – o tamanho de sua cruz, avançando ou retrocedendo no caminho em direção à luz.
Se Jesus não tivesse confiança na regeneração dos homens e no aprimoramento do mundo, não teria vindo nem teria se submetido a uma difícil convivência nos sombrios caminhos da Terra.
Assim, também nós não podemos perder a esperança e cair em desânimo, muito embora lidando com tão árido e inóspito campo de trabalho.
Em que pesem as incompreensões entre as criaturas, os graves desvios morais que ainda apresentem, a pouca cooperação nos relacionamentos, ainda assim - ou até devido a isso mesmo - necessitamos confiar e continuar. Não podemos menosprezar, neste mundo de aprendizagem, a oportunidade para nos instruirmos e nos aperfeiçoarmos.
O caminho do crescimento espiritual é longo e tortuoso,não porque o Criador assim o tenha feito, mas porque cabe a cada um construí-lo, por ser o responsável único por sua vida.
E se nada lembramos das existências anteriores, certamente é porque na construção do nosso caminho não utilizamos os equipamentos mais adequados, e quando aqui de retorno, como processo de aprendizagem, somos colocados novamente diante da mesma tarefa.
É também importante perceber que não será possível, sozinho, abrir e pavimentar corretamente o piso do caminho, mas que precisamos da cooperação de outros tantos companheiros.
Ou seja, da necessidade de manter contato com o mundo, uma vez que, se temos individualmente compromissos, será através do relacionamento com os demais e na socialização da convivência que aprendemos questões como fraternidade e solidariedade.
Nesses contatos é que iremos ver nos outros a realidade que não conseguimos enxergar em nós mesmos.
Aquela frase de efeito – “nenhum homem é uma ilha” – tem, sim, bastante significado. O processo de crescimento pessoal, que é intransferível, passa pela manutenção dos mais amplos relacionamentos possíveis.
Quanto mais nos dispusermos a nos comunicar com os outros - e aqui registre-se a importância das atividades voluntárias – tanto maior serão as oportunidades de troca de experiências, ajudando a lapidar imperfeições que ainda carregamos. Será na intensidade de convivências que acontecerão as trocas em que sentimentos deverão ser melhorados e o atendimento e socorros deverão ocorrer. .
Existe a cruz que cada um tem como responsabilidade individual, mas há também aquela que é coletiva, que envolve não apenas o seu grupo mais íntimo de familiares, mas também toda a humanidade, todos os que habitamos o planeta Terra. Cada um é, sim, responsável por respeitar e cuidar do espaço físico que ocupa, ou seja, por cuidar de si e aqueles sob seus cuidados, bem como pela manutenção da vida do próprio planeta.
Na vida tudo é energia, tudo pulsa e vibra.
Cada um possui seu campo eletromagnético, assim como também tudo aquilo que nos cerca e nos sustenta. A ação individual afeta também o campo global.
A emissão dos pensamentos e a ação das palavras criam campos de energia que levam ao equilíbrio, ou não, para o apaziguamento das emoções, ou não.
É nosso comportamento diante das pessoas e no enfrentamento das dificuldades que, inversamente, afetará o tamanho de nossa cruz.
À medida que nossa ação for mais efetiva, emitindo vibrações de aceitação e desempenhando o trabalho com coragem, será como se aumentasse o tamanho da cruz, de modo a permitir que obstáculos maiores sejam ultrapassados.
Agindo de maneira contrária, será como se diminuísse o tamanho da cruz, o que dificultaria vencer o obstáculo mínimo que nos cabe como tarefa.
Portanto sejamos abnegados e fiéis ao cavar no solo, habilitando a Terra para receber as sementes renovadoras do Grande Amanhã.
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