Normalmente, diante das dificuldades que surgem na vida, tais como morte de ente próximo ou acidentes fatais, é que voltamos a atenção para o ato de orar. Por alguns instantes, elevando o pensamento à dimensão que acreditamos maior, permitimo-nos a ligação com o Criador.
A exemplo de milagrosa pomada terapêutica, capaz de eliminar qualquer infecção, entregamos ao Alto todo o nosso desconforto pessoal, na expectativa da devida providência divina.
Esquecemo-nos de que, em qualquer atividade humana, a persistência é atitude imperativa para o sucesso desejado. No campo material, até entendemos que a atenção permanente e o esforço dedicado podem levar à concretização dos desejos pessoais.
Mas, quando nos defrontamos com as questões de natureza espiritual, a dedicação continuada não faz parte da nossa preocupação, muito menos da rotina em busca do caminho da luz. É muito grande nossa capacidade de procrastinar as decisões de natureza espiritual: a busca interior do conhecimento, a razão maior de nossa existência, os motivos de certos problemas do cotidiano. Assusta-nos esse enfrentamento com nosso mundo interior. Não ficamos à vontade para “limpar o depósito” de nossas emoções, ou seja, tudo aquilo que está guardado em nosso íntimo, definido como “O Efeito Sombra”, título livro de Deepak Chopra.
Podemos, sim, em momentos esparsos, dedicar alguma atenção à busca do autoconhecimento, muita vez empenhando-nos em listar ações positivas e negativas, priorizando as que deverão ser corrigidas e reforçando as produtivas. Louvável, sem dúvida, essa oportunidade de desnudar-se, de permitir vir à tona uma enxurrada de emoções reprimidas, de buscar o equilíbrio, eventualmente até com ajuda profissional.
Mas, em geral, todo esse esforço em alçar novos e mais altos voos busca como resultado melhorar o desempenho apenas no campo profissional. Não nos permitimos abrir espaço para a dimensão extrafísica. É como se, para aqueles voos, tivéssemos utilizado uma só asa, quando sabemos que, na busca do Ser Integral, há a necessidade das duas asas, ou seja, do conhecimento técnico e do desenvolvimento moral.
Conhecimento técnico, capacitação profissional, estudo constante, sabemos o quanto hoje devemos manter-nos ativos e o quanto está aí de avanço tecnológico: eis uma asa.
Já desenvolvimento moral, necessidade da expansão interior, valores baseados no respeito incondicional às criaturas, à natureza e aos relacionamentos: eis a outra asa.
Essas são as duas asas necessárias ao homem na busca do seu crescimento interior, na satisfação de poder fazer mais e melhor e de legar pelo seu trabalho e presença pessoal um mundo mais ameno e acolhedor.
Falhamos ainda na aceitação e no entendimento sobre a íntima ligação entre matéria e energia, mundo físico e realidade espiritual.
Se desejamos efetivamente encontrar o melhor Caminho para as respostas existenciais, não podemos desconsiderar as lições do Evangelho;
Se desejamos efetivamente encontrar a Verdade sobre o que somos, o porquê de todas as existências vividas, é necessário seguir os exemplos do mestre Jesus;
Se desejamos efetivamente ajustar o passo certo para a Vida maior, precisamos aprender a servir sempre, através do trabalho construtivo.
A jornada sublime da alma, em todos os momentos da vida, nos levará ao conhecimento e à virtude, experiência e elevação.
Fora da caridade não há salvação, diz a Doutrina Espírita. Entendo ser esta uma realidade, notadamente para a necessária correção de nossos desencontros nos campos do pensamento e das emoções.